Os dados são alarmantes, mas só comprovam o que vemos no dia a dia: além de cansadas e sobrecarregadas, as mulheres tão estão adoecidas. No Brasil, a ansiedade afeta o cotidiano de 6 em cada 10 mulheres brasileiras de 18 a 65 anos. Após a pandemia, grande parte das mulheres apresentam algum diagnóstico de depressão, ou outros tipos de transtornos mentais, sendo a ansiedade o transtorno mais comum entre. As informações são da Organização não governamental — ONG Think Olga e foram apresentados através da pesquisa denominada de “Esgotadas: empobrecimento, a sobrecarga de cuidado e o sofrimento psíquico das mulheres”.
As mulheres frequentemente enfrentam uma carga desproporcional de responsabilidades sociais, o que pode resultar em consequências adversas para sua saúde mental. Essa sobrecarga social tem um impacto significativo na saúde mental das mulheres, e para compreender completamente essas repercussões é necessário considerar uma série de aspectos determinantes. Entre eles, destacam-se o acesso à educação, rede de apoio, estrutura financeira, moradia, trabalho, alimentação, lazer, são muitas as nuances que podem afetar, em maior e menor grau, a saúde mental feminina.
Outros fatores que impactam negativamente a saúde mental das mulheres são a disparidade salarial, a subvalorização de suas profissões, a falta de acesso aos espaços de tomada de decisão no âmbito político e econômico, além do enfrentamento da dupla e tripla jornada de trabalho. Essas realidades contribuem para uma sobrecarga psicológica e emocional, aumentando a vulnerabilidade das mulheres a problemas de saúde mental.
“A saúde mental das mulheres no Brasil é uma questão urgente e complexa, que requer ações integradas e efetivas. Além disso, é importante considerar também os fatores sociais, como desigualdade de gênero, violência doméstica e dupla jornada de trabalho, que impactam diretamente a saúde mental das mulheres”.
Samanta Costa, presidente da Fundação 1º de Maio.
No âmbito das políticas públicas, embora ainda não cheguem a todas as cidades do país, o Ministério da Saúde tem enfatizado a atenção à saúde mental das mulheres por meio de estratégias específicas. Com destaque para a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Mulheres, que busca a promoção de ações voltadas para a prevenção, tratamento e reabilitação das doenças mentais e o Plano Nacional de Prevenção do Suicídio, tem como objetivo redobrar os esforços para a redução dos índices de suicídio e oferecer suporte adequado para aqueles que necessitam. Mas, em geral, no Brasil, há pouco acesso a cuidados específicos, embora o SUS (Sistema Único de Saúde) desempenhe um papel fundamental no tratamento da saúde mental das mulheres no Brasil.
Para o Solidariedade, em especial para o Solidariedade Mulher, é fundamental discutir a saúde mental das mulheres no Brasil, considerando os desafios enfrentados e as políticas públicas voltadas para essa pauta. Diariamente as mulheres que enveredam pela política são vítimas de violência política de gênero e isso também as adoece.
“Em nossos encontros presenciais, no dia a dia ou em qualquer outra situação, estimulamos a falar sobre o que estão sentindo, externalizando os sentimentos ou mesmo atribuir os sintomas a algum ‘problema’ com a sua saúde física”.
Maria Aparecida dos Santos, secretária nacional do Solidariedade Mulher